segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Wagner Moura em Rodelas - Opinião, Por Jânio Soares

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Wagner Moura em Rodelas - Opinião (A TARDE)
Apesar de o título sugerir, Wagner Moura não faz parte de nenhuma receita de sanduíche (queijo, pastrami, duas rodelas de Wagner Moura, alface...). A Rodelas em questão era uma cidade do sertão baiano que sumiu do mapa em 1988 por conta da construção da Barragem de Itaparica, cujo processo de inundação parece ter sido uma das cenas mais marcantes aos olhos do então menino Waguinho, embora o péssimo roteiro tenha sido escrito não pelos craques que hoje têm a honra de tê-lo como protagonista, mas por tecnocratas que se lixaram para a história dos rodelenses.

Em recente entrevista à revista Rolling Stone, ele disse: "Lembro-me pouco do que fiz dias atrás, mas me lembro muito da minha infância. E me lembro bem de Rodelas, porque a gente sempre passava as férias lá e depois morou lá. E eu estava lá no momento da mudança, quando construíram uma cidade chamada Nova Rodelas e mudaram todo mundo pra lá. Foi uma experiência antropológica extraordinária.

Todas as relações culturais e sociais com o lugar se perderam com a água. Teve muita gente que morreu deprimida, alcoólatra." Eu sei bem o que é isso, meu velho Capitão Taoca, porque também sou um órfão de cheiros e sinos; de relâmpagos clareando a curva do rio e da chuva arranhando nas telhas uma balada de ninar gente grande; e, claro, daquele sarro atrás da igreja (a minha, de Santo Antônio da Glória; a sua, de São João Batista) ouvindo a voz do mestre Waldick profetizando que hoje a noite está calma e que a minha alma esperava por ti.

Doze anos antes de Rodelas, Glória também submergiu de uma forma ainda mais crua, pois naquele tempo o extraordinário verde dos tamarineiros e umbuzeiros era a nossa única artilharia diante do oliva que dominava a nação. E foi assim que José e Alderiva, Ceci e Zé da Silva, filhos, amigos e outras rimas, de repente se viram em terras estrangeiras, deixando para trás sonhos e boleros sob as águas de um rio prisioneiro e triste, que nem de longe se parece com aquele que de vez em quando ainda corre solto nas lembranças de quem viveu por lá.



Jânio Ferreira Soares Escritor, secretário de Cultura de Paulo Afonso.
A Tarde








Recebi por e-mail de Andreia Carmo

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