A Rifa da Vaca
Numa época em que as festas de São João se aproximam, com toda essa magia do cenário sertanejo aparecendo em tudo que é televisão, vou rebuscar na cachola aqui uma história que aconteceu em Riacho das Éguas.
Era um período igualzinho a esse, tempo de preparação das festas da cidade, arrumação dos arraiá, preparação das colheitas do milho, para os pratos típicos. Nisso, o vigário estava as tantas com os ajustes da quermesse. Como os recursos eram poucos, o prefeito tendo que se desdobrar para fazer render a verba da prefeitura, o vigário tinha que usar de muita artimanha para a festa sair. Puxa daqui, puxa dalí, depois que catar as contribuições de toda a comunidade riachoeguence, não vendo outra solução, aceitou a dica de um dos moradores e decidiu fazer a rifa de uma vaca. O coronel Firmino, cheio de propriedades e de boas vontades, doou a mimosa e estava feita a promoção. Uma vaca bem gorda, alimentada à ração, leiteira que só a muléstia, era um sorteio desejado por todo cristão que morava na cidade.
Numa época em que as festas de São João se aproximam, com toda essa magia do cenário sertanejo aparecendo em tudo que é televisão, vou rebuscar na cachola aqui uma história que aconteceu em Riacho das Éguas.
Era um período igualzinho a esse, tempo de preparação das festas da cidade, arrumação dos arraiá, preparação das colheitas do milho, para os pratos típicos. Nisso, o vigário estava as tantas com os ajustes da quermesse. Como os recursos eram poucos, o prefeito tendo que se desdobrar para fazer render a verba da prefeitura, o vigário tinha que usar de muita artimanha para a festa sair. Puxa daqui, puxa dalí, depois que catar as contribuições de toda a comunidade riachoeguence, não vendo outra solução, aceitou a dica de um dos moradores e decidiu fazer a rifa de uma vaca. O coronel Firmino, cheio de propriedades e de boas vontades, doou a mimosa e estava feita a promoção. Uma vaca bem gorda, alimentada à ração, leiteira que só a muléstia, era um sorteio desejado por todo cristão que morava na cidade.
Assim, enquanto não chegava o dia, lá se iam vigário, sacristãos e coroinhas pelas portas, porteiras e cancelas, para oferecerem o bilhetinho da rifa. Bilhete aqui, bilhete ali. Confesso que eu sonhei umas duas vezes ganhando aquela vacona gorda e leiteira. No adiantado dos dias, já pertinho de acontecerem as festanças da roça, algo perturbador alvoroçou o povo . Estando já tudo preparado, o sanfoneiro, trianglista e zabumbeiro todos contratados e acertados, as bandeirinhas penduradas, a lenha das fogueiras empilhada, o milho descascado, o pau de sebo enfiado na terra, algo acontece e a cidade toda entra em pânico, inclusive eu, que devo ter comprado uns cinco ou seis bilhetes, na ânsia do prêmio. A vaca sumiu.
O vigário se aperreou logo. Se tivesse cabelo, teria arrancado tudinho, no desespero.
O problema é que, desde quando o coronel havia doado a bichinha, ela passou a ficar num cercadozinho atrás da igreja, que era pra os moradores, quando fossem às missas domingueiras, cobiçassem a bendita premiação. Não deu outra. Algum esperto, sabe-se lá quem, aproveitou a ocupação de todo mundo nos preparados das festas juninas e da quermesse e levou a vaca.
O problema é que, desde quando o coronel havia doado a bichinha, ela passou a ficar num cercadozinho atrás da igreja, que era pra os moradores, quando fossem às missas domingueiras, cobiçassem a bendita premiação. Não deu outra. Algum esperto, sabe-se lá quem, aproveitou a ocupação de todo mundo nos preparados das festas juninas e da quermesse e levou a vaca.
Todo mundo entrou na dança de procurar a leiteira, mas, a busca "deu com os burro n'água". Nenhuma pista da vaca nem do larápio.
Como não se achava nenhum sinal da vaca nem do ladrão, o vigário queria devolver o dinheiro da população contrariada de Riacho das Éguas, quando o Coronel, muito generoso, interviu:
Como não se achava nenhum sinal da vaca nem do ladrão, o vigário queria devolver o dinheiro da população contrariada de Riacho das Éguas, quando o Coronel, muito generoso, interviu:
_Calma meu povo! Vão-se as vacas e ficam-se as pontas. Para que a festa corra bem, sem ninguém aqui ser prejudicado, eu vou doar um bode, para servir de premiação da rifa. Não é como a vaca, mas também é melhor que nada.
Nunca soubemos quem foi o ladrão. A festa correu as maravilhas. Um felizardo, que nem me lembro quem foi, ganhou a porqueira do bode no sorteio. Ninguém nunca soube que fim levou a chifruda, mas o povo de Riacho das Éguas nunca mais vai esquecer do dia que a vaca da rifa foi pro brejo.
Um abração desse sertanejo...
Lula Pacífico.
Primeiro o clima junino de Riacho da Éguas me faz sentir saudade das cidadezinhas do interior. Depois, fiquei aqui matutando quem foi que roubou a bendita vaca, o que vai merecer uma parte II rs. Mas, o cabra roubou, talhou a mimosa, armazenou a carne, e passou o São João a base de churrasco e quentão. Ô cabra safado!
ResponderExcluirOi,
ResponderExcluirEstou lendo tudo. Estou gostando. Continue a postar e não esqueça de mandar o e-mail avisando. Manda ver. Tá beleza.
Agora fiquei cismada com o mistério. Quem foi o aperreado que deu sumiço na mimosa? Que maldade com quem tanto almejou beber do leite da valiosa. No entanto, o bode não deixou a alegria fugir do São João.
ResponderExcluirComo sempre, não canso de ler este blog!
Abraços
Eu fico esperando loucamente por mais histórias desse cabra, o Seu Lula.
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