No dia 8 de julho de 2002, em sua terrinha natal de Assaré, alçava seu último voo, agora para voar lá "inriba", no céu dos poetas e cantadores, o semi-analfabeto, mas genial poeta popular Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré deixava esse mundo...
Nove anos se passaram, mas a sua poesia, essa continua muito viva, e cada vez mais tem ganhado o mundo, com asas que tomam um vento até acadêmico, em que seus poemas são as penas, e o voo ganha mundo.

O Poeta da Roça
Patativa do Assaré
Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu seio o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo da roça e dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.
Que lindo!
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